60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

IMPACTO DA PANDEMIA DE SARS-COV-2 NA SÍFILIS GESTACIONAL EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA DO SUS

OBJETIVO

O objetivo do presente estudo é analisar se a ocorrência da pandemia de SARS-CoV-2 impactou a notificação dos casos de sífilis gestacional em um Hospital e Maternidade de referência do Sistema Único de Saúde.

MÉTODOS

Trata-se de estudo transversal, descritivo, retrospectivo, realizado em um Hospital e Maternidade de ensino com atendimento voltado para usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS), em Juiz de Fora, MG. Foram revisadas as fichas de notificação compulsória no Sistema de Informação de Agravos de Notificação em gestantes admitidas no serviço de obstetrícia entre janeiro de 2017 e dezembro de 2021 e feita a análise da prevalência com o uso do Censo de Assistência Gerencial do hospital. Os dados coletados passaram por análise estatística (qui-quadrado e exato de Fischer). Este estudo foi aprovado pelo Comitê de ética em pesquisa (CAAE 59128422.9.0000.5103)

RESULTADOS

No período de 3 anos foram notificados 132 casos de sífilis gestacional, sendo 26 em 2019, 54 em 2020 e 52 em 2021. Em relação ao total de partos, a prevalência foi de 1.38% em 2019, 2.71% em 2020 e 2.49% em 2021. Os dados mostram que a notificação dos casos de sífilis gestacional mais do que dobrou nos anos de pandemia (2020 e 2021) em relação à 2019. No mesmo período no Brasil, em 2019, foram notificados 62.084 casos de sífilis em gestantes, 61.402 casos em 2020 e 29.903 em 2021. Nesse caso, nota-se que, em média, houve uma redução importante do número de notificações. Outro dado que chama atenção neste estudo é a proporção de mulheres que não realizaram pré-natal ou o fizeram de forma incompleta na pandemia em comparação à 2019. Somados 2020 e 2021, das 106 notificações, 20 estavam sem assistência pré-natal (18.8% da amostra). Em contrapartida, em 2019, de 26 notificações, apenas 3 gestantes notificadas não realizaram o pré-natal (11.5% da amostra).

CONCLUSÕES

Houve um aumento significativo na notificação dos casos de sífilis gestacional nos anos de pandemia em relação à 2019, contrastando com os dados nacionais, que mostraram uma diminuição do número de notificações no mesmo período. Também identificamos que durante os dois anos de pandemia de SARS-CoV-2 houve um aumento significativo do número de gestantes que não realizaram o pré-natal ou que o fizeram de forma incompleta (compareceram a menos 6 consultas recomendadas pelo Ministério da Saúde). Percebe-se que, provavelmente, por motivos relacionados à pandemia, a piora da assistência pré-natal pode ter impactado a ocorrência de sífilis gestacional.

Área

OBSTETRÍCIA - Doenças infecciosas na gestação

Autores

Didier Silveira Castellano Filho, Cristiane Marcos Soares Dias Ferreira, Anne Salgado Castellano, Rafaela Germano Toledo, Rafael Ribeiro Hernandez Martin