60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

EVOLUÇÃO DE LESÕES DE ALTO GRAU DE COLO UTERINO ENTRE PACIENTES HIV + E HIV NEGATIVO POR 10 ANOS

OBJETIVO

Comparar o perfil epidemiológico e a evolução de lesões HPV-induzidas de alto grau de colo uterino entre pacientes HIV positivo e HIV negativo ao longo de 10 anos.

MÉTODOS

Estudo longitudinal, retrospectivo, caso controle. Incluídas pacientes HIV positivas e HIV negativas submetidas a conização no período de: 01/01/2008 a 31/12/2011 participantes do programa de rastreamento de lesões cervicais de alto grau dos municípios São Paulo – SP e de Itajaí – SC e acompanhadas nos respectivos serviços por período de 10 anos. Realizou-se uma avaliação da evolução das lesões HPV induzidas em mulheres infectadas pelo HIV, em comparação com a população em geral. Aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa com número CAAE 13324419.0.1001.5432.

RESULTADOS

Foram incluídas 195 pacientes no estudo, sendo 51 HIV+ e 144 HIV-. A média de idade entre os grupos foi semelhante e 88% tinham mais de 25 anos. Os dados significativos ao comparar-se os dois grupos de pacientes foram: das pacientes HIV+, 80% tinham o 1° grau incompleto ou nenhum estudo, enquanto 40,8% das HIV- tinham 2° grau completo; 12% das HIV- apresentaram peça negativa no cone contra 2% das HIV+ e 16% das HIV+ carcinoma espinocelular invasor contra 0,7% nas negativas. Margens comprometidas, taxa de recidiva e persistência de lesão também foram significativos no grupo HIV+. A taxa de recidiva foi maior entre os cones com margens comprometidas em ambos os grupos. Entre as HIV+ com tratamento antirretroviral irregular, 90% tiveram margens comprometidas. Lesão intraepitelial de baixo grau (LIEBG) foi encontrado em 9% dos anatomopatológicos do cone em ambos os grupos e lesão intraepitelial de alto grau (LIEAG) em cerca de 72%, isto também foi semelhante entre os grupos. A ocorrência de incompetência istmocervical pós conização não foi significativa em nenhum grupo. Ao final de 10 anos de acompanhamento, 23,5% das pacientes HIV+ foram a óbito por câncer de colo uterino e 15,7% morreram pelo HIV, sendo a mortalidade neste grupo de 39,2%. No grupo HIV- 0,7% foi a óbito por câncer de colo uterino.

CONCLUSÕES

Os resultados apresentam maior prevalência de peças negativas no no produto do cone da população geral comparado à HIV+. Em comparação com mulheres negativas ao HIV, mulheres HIV positivas têm maior probabilidade de recidiva e de persistência de lesões de alto grau, e isto provavelmente está relacionado a má adesão ao tratamento antirretroviral. A lesão é mais agressiva evoluindo para o Câncer cervical e óbito em menor intervalo de tempo no grupo HIV+.

Área

GINECOLOGIA - Oncologia Ginecológica

Autores

FLÁVIA WERNER DA ROCHA JESUINO, LEVON BADIGLIAN FILHO