60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

Avaliação do uso de misoprostol para indução do trabalho de parto em uma maternidade de baixo risco

OBJETIVO

Avaliar a taxa de sucesso do uso do misoprostol na indução de parto, medida pela taxa de parto vaginal, correlacionando-o com o número de comprimidos utilizados.

MÉTODOS

Estudo prospectivo observacional realizado em uma maternidade de baixo risco na cidade de São Paulo no período entre fevereiro e março de 2022. Foram incluídas 79 gestantes internadas para indução de trabalho de parto com misoprostol conforme protocolo da instituição: 1 comprimido de 25mcg via vaginal a cada 6h, com uso de até 4 comprimidos. Foram analisados fatores relacionados às taxas de partos vaginais e cesarianas, além do desfecho neonatal após protocolo de indução.
Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com CAAE: 54185521000005505

RESULTADOS

A indução de trabalho de parto resultou em 75% de partos vaginais e 25% de cesarianas. A maioria das induções se deu por pós datismo (acima de 41 semanas de gestação) e por rotura prematura de membranas (RPM), com 39% e 35% respectivamente. Ocorreu maior porcentagem de partos vaginais nas pacientes que realizaram indução por RPM (78%) quando comparadas às que realizaram por pós-datismo (64%). Com relação ao uso de misoprostol, 43% das pacientes fizeram uso de apenas um comprimido. Destas, 70% evoluíram para parto vaginal. Foi percebido aumento na taxa de partos vaginais diretamente proporcional ao número de comprimidos utilizado: 72% nas que receberam 2 comprimidos, 75% com 3 comprimidos e 85% nas que receberam 4 comprimidos – o número máximo permitido no protocolo. Não houve nenhum caso de hemorragia pós-parto no grupo de estudo, e o desfecho neonatal favorável, representado por índice de Apgar maior que 8 aos 5 minutos de vida, foi de 88%. A média de duração da indução foi de 19,5h, com mediana de 21h.

CONCLUSÕES

A proporção de cesarianas observada encontra-se próxima ao recomendado pela OMS a nível populacional - taxas de até 15%. Parece haver relação entre a RPM e desfecho favorável quanto à indução. E, por fim, justifica-se a realização do protocolo completo de indução, com uso de 4 comprimidos, pois a indução prolongada não aumentou a taxa de cesarianas. Portanto, conclui-se que é necessário estimular a indução de parto como um método de redução da morbidade associada à cesariana, e são necessários mais estudos que ratifiquem a segurança do processo, para que pacientes e médicos se sintam confiantes e empenhados neste processo.

Área

OBSTETRÍCIA - Assistência ao trabalho de parto e suas fases clínicas

Autores

Letícia Sampaio Vilas-Boas, Milena Giuberti Bathomarco, Marcos Paulo Ribeiro Sanches, Rosiane Mattar, David B S Pares, Sue Yazaki Sun