60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

CARCINOMA PRIMÁRIO OCULTO DE MAMA: RELATO DE CASO

CONTEXTO

O carcinoma oculto de mama (COM), que representa menos de 1% de todos os casos de câncer de mama, é definido como doença não identificada durante o exame físico do paciente nem por exames de imagem da mama, mas que apresenta metástase axilar compatível com carcinoma de mamas.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Paciente do sexo feminino, 42 anos, assintomática, procurou atendimento em janeiro de 2021 após consulta e realização de ultrassonografia de mama evidenciando linfonodos axilares com deslocamento do hilo em axila direita (BI-RAS 4) e mamografia que não demonstrou lesões. Ao exame fisico, foi identificado linfonodo, móvel e endurecido medindo 3 cm de diâmetro em axila direita; as demais cadeias linfonodais estavam normais e as mamas sem nodulações palpáveis. A biópsia do linfonodo axilar demonstrou tratar-se de carcinoma metastático. A imuno-histoquímica demonstrou receptores estrogênicos (RE) -, receptores progestogênicos (RP) -, KI67 90%, HER-2 +++, gene GATA3 +, pancitoceratina +, proteína p63, - sendo compatível com metástase de carcinoma de mama. A ressonância magnética das mamas (RMM) demonstrou uma lesão na mama direita classificada como BIRADS 4, no entanto biópsia demonstrou tratar-se de fibroadenoma; Painel multigênico para predisposição hereditária ao câncer não identificou mutações patogênicas em genes associados ao câncer de mama. Em decorrência desses resultados, foi realizado quimioterapia seguido de linfadenectomia axilar à direita, demonstrando resposta completa na axila, tendo sido disssecados 21 linfonodos. Recebeu adjuvancia com radioterapia na mama, axila e cadeias de drenagem linfática. A paciente permanece em seguimento, e nove meses após o diagnostico não apresenta evidência de doença em atividade.

COMENTÁRIOS

O COM apresenta como principal sítio de metástase os linfonodos axilares. O diagnóstico deve ser realizado por exclusão quando na ausência de evidência clínica ou radiológica do tumor primário na mama e outros sítios. O exame histológico dos linfonodos axilares é fundamental para o diagnóstico e a imuno-histoquímica deve ser incluída. Ainda há dúvidas quanto ao manejo da axila, necessidade de tratamento cirúrgico ou radioterápico da mama, quimioterapia e hormonioterapia, devido à sua apresentação infrequente. O tratamento tradicional tem sido a mastectomia radical modificada, entretanto, em estudos recentes, a mastectomia não proporciona melhora na sobrevida ou no controle local da doença preferindo-se a radioterapia na mama e cadeias de drenagem linfática.

Área

GINECOLOGIA - Mastologia

Autores

Nilsa Araújo Tajra, Silmara Ferreira de Oliveira, Jolie Elias Tajra, Sabas Carlos Vieira, Ana Gabriela Carvalho Bandeira Santos