Dados do Trabalho
TÍTULO
Tipo de parto e resultados perinatais em gestações com e sem comorbidades durante a pandemia de COVID-19 no Brasil.
OBJETIVO
Avaliar o tipo de parto e os resultados perinatais em gestações com e sem comorbidades durante a pandemia de COVID-19 no Brasil.
MÉTODOS
Análise de dados secundários de estudo prospectivo, multicêntrico nacional, com aplicação de entrevistas presenciais, comparativo, em Hospitais Universitários nas cidades de São Paulo-SP, Campinas-SP, Botucatu-SP, Florianópolis-SC, Porto Alegre-RS, Campo Grande-MS, Brasília-DF, Manaus-AM, Teresina-PI, e Natal-RN, entre 01/06 e 31/08 de2020. Foram entrevistadas presencialmente puérperas com os critérios de inclusão: idade >18 a; parto >36 sem; recém-nascido único, vivo e sem malformações; e ausência de transtornos mentais. Foi utilizado um questionário específico semiestruturado para coleta dos dados do parto e dados perinatais. A comorbidade foi caracterizada pela presença de qualquer complicação clínica ou obstétrica. O cálculo do tamanho da amostra baseou-se na coleta de 60 dias consecutivos e estimativa de pelo menos 100 partos por instituição, estimando-se o mínimo de 1000. Foram realizadas análises univariadas pelo teste de Mann Whitney e comparação de proporções com teste do qui quadrado, com nível de significância de 5%. Projeto aprovado no CEP (CAAE 31190120.6.1001.5505).
RESULTADOS
Das 1.662 mulheres entrevistadas, 9 (0,5%) foram excluídas por não apresentarem dados completos do índice de Apgar. Do total de 1653 entrevistadas, 897 (54,3%) apresentavam alguma comorbidade, sendo 526 (58,6%) portadoras de hipertensão arterial e 270 (30,1%) portadoras de diabetes, e e 756 (45,7%) eram sem comorbidade. Nas gestantes com comorbidades, quando comparadas com o grupo sem comorbidades, a proporção foi significativamente maior de cesáreas (60,5% vs. 39,2%, p<0,001), de partos < 37 semanas (7,9% vs. 4,2%, p=0,002), de diagnóstico de COVID-19 na gestação (4,6% vs. 1,7%, p=0,001); e não houve diferença significativa na proporção de Apgar de 5º min<7 (3,1% vs. 2,5%, p=0,459) e de diagnóstico de sofrimento fetal (3,2% vs. 2,1%, p=0,165).
CONCLUSÕES
Durante a pandemia de COVID-19 no Brasil, as gestantes com comorbidades tiveram a maioria dos partos pela cesárea e com menor idade gestacional, mas sem associação com sofrimento fetal ou baixos índices de Apgar. A COVID-19 foi mais frequente em mulheres com comorbidades na gravidez.
Área
OBSTETRÍCIA - Gestação de alto risco
Autores
Roseli Mieko Yamamoto Nomura, Ana Carla Ubinha, Nadia Stella Viegas dos Reis, Vera Therezinha Medeiros Borges, Alberto Carlos Moreno Zaconeta, Ana Cristina Araujo, Rodrigo Ruano, Brazilian Anxiety during Pregnancy Study Group in COVID-19 BrAPS-COVID