60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE SÍFILIS EM GESTANTES ADOLESCENTES NO ESTADO DO CEARÁ ENTRE 2018 E 2021

OBJETIVO

Descrever o perfil epidemiológico de casos confirmados de sífilis em gestantes adolescentes no estado do Ceará entre os anos de 2018 e 2021

MÉTODOS

Estudo epidemiológico descritivo de corte transversal cujos dados foram coletados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Analisaram-se variáveis de raça, município de residência, classificação clínica no momento de diagnóstico e realização de teste treponêmico entre as idades de 10 a 19 anos. Posteriormente, utilizou-se o Microsoft Excel para tabular os dados e extrair resultados. A pesquisa não foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa, pois os dados são secundários e de domínio público.

RESULTADOS

Foram notificados 1.900 casos de sífilis em gestantes adolescentes no estado do Ceará entre os anos de 2018 e 2021, com 1.793 registros (94,36%) para faixa etária de 15 a 19 anos e 107 (5,64%) para idades de 10 a 14 anos. Durante o período de 2018 a 2020, registrou-se relativa estabilidade quanto ao número de casos registrados, variando menos de 5%, porém com queda de 55,82% no ano de 2021. A maior parte dos casos ocorreu nos municípios de Fortaleza (44,31%), Caucaia (5,05%) e Maracanaú (4,47%). Adolescentes pardas foram as mais atingidas (78,94%), seguidas por brancas (11,78%), pretas (4,94%) e amarelas (1,26%), enquanto mulheres indígenas pouco foram afetadas (menos de 1%). Quanto à realização de teste treponêmico para identificação de anticorpos, 16,47% das gestantes (313 casos) não foram testadas. No que se refere à classificação clínica no momento de diagnóstico, 26,94% das meninas foram diagnosticadas com sífilis primária, enquanto 23,94% estavam em estado latente, 20,84% em estágio terciário e apenas 4,52% em estágio secundário.

CONCLUSÕES

Os casos de sífilis em gestantes adolescentes no Ceará no período analisado predominam em jovens pardas, de 15 a 19 anos, residentes de municípios grandes e populosos, como Fortaleza e Caucaia. Outrossim, apenas 26% das meninas apresentaram sífilis primária, atestando infecção recente, enquanto a maior parte das infectadas apresentaram estágio terciário ou latente, evidenciando diagnóstico tardio. Ademais, observa-se manutenção do número de casos nos 3 primeiros anos, podendo estar ligada a uma falha na prevenção aliada à insuficiência de testes treponêmicos, visto que mais de 15% das jovens não foram testadas. Além disso, a queda brusca de mais de 50% em 2021 pode significar subnotificação, dificultando ainda mais o combate à problemática e expondo as jovens ao risco.

Área

OBSTETRÍCIA - Epidemiologia das doenças gestacionais

Autores

Francisco Jean Rocha Silva Filho, Matheus Nogueira Costa, Silvia Renata Duarte Sobreira, Fernanda Alves De Paula, José Armando Pessôa Neto, Amanda Camelo Paulino, Mariana Queiroz De Souza, Andreisa Paiva Monteiro Bilhar