60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

ESTUDO DOS EFEITOS DAS MOLÉCULAS DO SORO DO SANGUE DE CORDÃO UMBILICAL HUMANO PARA A FORMAÇÃO DA BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA NA SÍNDROME ALCOÓLICA FETAL

OBJETIVO

Entre as consequências da exposição pré-natal ao álcool destaca-se a síndrome alcoólica fetal, caracterizada por deficiências de crescimento, anomalias craniofaciais e disfunção do Sistema Nervoso Central (SNC). O SNC é um dos sistemas onde o álcool pode causar déficits mais profundos, especialmente pela rápida chegada deste teratógeno através da circulação sanguínea. Em todo o mundo, cerca de 1/1000 crianças nascem com desordens do espectro alcoólico a cada ano. Embora no Brasil haja uma escassez de dados, estima-se cerca de 50.000 casos diagnosticados ao ano. O desenvolvimento do SNC depende do desenvolvimento adequado das células neurais, vasos sanguíneos e da barreira hematoencefálica (BHE). O transporte de moléculas através da BHE depende de transportadores especializados, entre estes, os transportadores de glicose (GLUT), principal fonte de energia no cérebro. As características dos ECs neurais incluem a expressão de proteínas zonula occludens (ZO) que fornecem limitação das ECs, configurando uma alta seletividade para a transferência de moléculas pela BHE. Esse projeto tem como objetivo caracterizar os efeitos do tratamento de células em modelo in vitro de BHE tratadas com soro do sangue coletado de cordão umbilical (SCU) de bebês expostos ao álcool durante a gestação.

MÉTODOS

A prevalência do consumo de álcool na gestação foi avaliada pela aplicação de questionários às gestantes durante o pré-natal, aprovado pelo comitê de ética (CEP4667085). Com base nos formulários, as pacientes selecionadas foram alocadas em dois grupos: mães que relataram consumo de álcool (S-etanol) e as de recém-nascidos controle (S-controle, sem relato de uso de álcool). Cerca 2ml de sangue do cordão umbilical foram coletados durante o parto e processados. Culturas de células HBMEC foram tratadas por 24h com meio de cultura contendo 10% de S-controle, S-etanol ou com meio controle. As células foram analisadas por imunofluorescência para GLUT1 e ZO-1.

RESULTADOS

Observou-se que 28% das gestantes relataram consumo de álcool durante a gestação e 80% no 1º trimestre da gestação. Nossos ensaios in vitro demonstraram que o S-etanol diminui a intensidade de marcação para ZO-1 em 51% e reduz a expressão de GLUT1 em 75%.

CONCLUSÕES

Nossos resultados in vitro sugerem que a exposição ao álcool durante a gestação pode causar alterações em estruturas essenciais para o funcionamento do SNC. Esse estudo tem como objetivo contribuir para a compreensão do impacto do consumo gestacional de álcool durante o desenvolvimento.

Área

OBSTETRÍCIA - Estratificação de risco em Obstetrícia

Autores

Paula Silva Lacerda Almeida, Dayana Silva Araujo, Larissa Nogueira Pessenti, Alex Chistian Manhães, Nilson Ramires de Jesus, Joice Stipursky