Dados do Trabalho
TÍTULO
Avaliação fisioterapêutica no Transtorno da Dor Genito-Pélvica/Penetração: uma síntese de casos
CONTEXTO
Transtorno da Dor Gênito-Pélvica/Penetração enquadra-se, segundo o DSM-V, como disfunção sexual pela dificuldade marcante para penetrações vaginais, seja por relação sexual ou exame ginecológico, dor vulvovaginal ou pélvica intensa, medo ou ansiedade intensa e a contração acentuada dos músculos do assoalho pélvico durante as tentativas de penetração.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
A exploração dos dados está amparada pelo Comitê de Ética em Pesquisa local. Revisou-se registros de 10 pacientes com o Transtorno acolhidas em um serviço público multidisciplinar do Nordeste entre 07/2021 01/2022. O serviço conta com Ginecologista, Fisioterapeuta, Psicólogo e Enfermeiro. Todas tinham seguimento com fisioterapia pélvica e terapia sexual. A média de idade foi 32, máxima 64 e mínima 18. Só 1 não tinha religião. Todas eram mulheres cis-heterossexuais. Apenas 1 não estava em situação conjugal fixa. 3 eram sobreviventes de violência sexual. Em relação à queixa motivadora da busca por assistência, 9 mencionaram dor nas relações vaginais penetrativas e 1 mencionou dificuldades para a realização de exame especular. Inquiridas sobre autoconhecimento perineal, apenas 2 não apresentavam dificuldades com o conhecimento do próprio corpo. 2 mencionaram tabus ligados à religião com relação à masturbação, 1 nunca havia feito a modalidade e as outras 5 comentaram sintomas álgicos com a prática. Com relação ao exame físico, 9 tinham vulva trófica e 1 apresentava atrofia. Na pesquisa de sensibilidade, esta foi presente em todas, assim como os reflexos cutâneo-anal e bulbocavernoso. A consciência perineal foi presente na 1ª vez em 6 pacientes, 2ª vez em 2, ausente em 2. O tônus muscular era hipertônico em 7. O teste do cotonete foi positivo em 2. ICS foi fraca em 8, ausente em 1 e normal em 1. O esquema PERFECT, que examina potência(P), resistência(E), n° de repetições cronometradas(R) e n° contrações rápidas(F) mais prevalente foi P2E2R0F3 (20%). Uso de musculatura acessória foi registrado em 5. Relaxamento parcial foi observado em 6, completo em 3, ausente em 1. O centro tendíneo do períneo foi hipertônico em 5. Na palpação, todas mencionaram dor. Os músculos mais queixosos foram o obturador, coccígeo e puborretal.
COMENTÁRIOS
Há correlação entre queixas sexuais e disfunções do assoalho pélvico. Experiências sexuais destrutivas podem acompanhar a vida da paciente e influenciar a percepção de dor. É importante abordar aspectos socioculturais e os atravessamentos destes sobre a construção da sexualidade na terapêutica.
Área
GINECOLOGIA - Sexualidade
Autores
Leticia Soares Amorim, José Armando Pessôa Neto, Isabella Parente Ribeiro Frota, Débora Fernandes Britto, Gabriel Marcos Leônidas, Letícia Nacle Estefan Sobral, Amanda Madureira Silva, Alícia Mourão Vieira