60º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2022

Dados do Trabalho


TÍTULO

BANDAGEM UTERINA PARA CONTROLE DE DANOS NO ACRETISMO RELATO DE CASOS E DESCRIÇÃO DA TÉCNICA CIRÚRGICA

CONTEXTO

A incidência do acretismo placentário vem aumentando substancialmente nas últimas décadas devido ao aumento das cesáreas e da gestação em idades mais avançadas, colaborando para o aumento da morbimortalidade materna.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

E. D. S., 40 anos, G4PN1C1A1, 32 semanas, internada em 08/02/2022 com sangramento moderado, indolor e tônus uterino normal. O ultrassom e a ressonância magnética evidenciaram placenta prévia total e increta atingindo a serosa, sem invasão vesical. Realizou cesárea com 35 semanas com incisão a pfannenstiel, histerotomia fúndica transversa acima da borda placentária com extração fetal podálica e histerorrafia com placenta in situ. Devido ao descolamento espontâneo parcial da placenta, parede uterina friável na área de invasão e sangramento aumentado, optou-se pelo enfaixamento do útero (bandagem uterina) utilizando duas faixas ortopédicas de crepom estéreis sobre o corpo uterino até a região ístmica. A bandagem estancou a hemorragia e permitiu o término da cirurgia sem pressa e sem perda sanguínea adicional. Recebeu apenas 300ml de concentrado de hemácias com alta hospitalar sem intercorrências no 4º dia pós-operatório, com hemoglobina 8,5g/dl. P.L.T.S, 39 anos, G3PC2A0, 37 semanas, apresentando placenta prévia total e increta ao ultrassom, foi submetida a cesariana seguida de histerectomia em 29/07/2022 com a utilização da mesma técnica descrita acima, sem necessidade de hemoderivados, recebendo alta hospitalar após 48 horas em bom estado geral, com hemoglobina de 9,8g/dl.

COMENTÁRIOS

A cesárea no acretismo grave deve ser eletiva entre 34 a 36 semanas, com extração fetal fora da área acometida, e histerorrafia mantendo a placenta in situ, seguido de histerectomia. A técnica de bandagem uterina adotada foi descrita em 2010 por José Palácios-Jaraquemada e Angel Fiorillo em hemorragia pós-parto por atonia. Consiste em aplicar a bandagem de Esmarch (usada em traumatologia) no fundo uterino em direção ao colo. Esse relato de casos descreve de forma pioneira essa técnica em acretismo placentário grave na literatura médica. Seu uso possibilitou o controle imediato do sangramento uterino, otimização do tempo intraoperatório, demanda reduzida por hemoderivados, além de permitir estabilidade hemodinâmica, intra e pós-operatória, sem necessidade de drogas vasoativas e tornou nossa técnica padrão nesses casos.

Área

OBSTETRÍCIA - Intercorrências cirúrgicas na gestação

Autores

Lucas Barbosa Silva , Lucas Barbosa Silva , Lucas Barbosa Silva , Paula Ester Mendes Barros, Paula Ester Mendes Barros, Paula Ester Mendes Barros, Paula Alves Melo de Souza , Paula Alves Melo de Souza , Paula Alves Melo de Souza , Julia Di Sabatino Santos Guimarães, Julia Di Sabatino Santos Guimarães, Julia Di Sabatino Santos Guimarães, Clovis Antonio Bacha, Clovis Antonio Bacha, Clovis Antonio Bacha, Bárbara Carmita da Silva Silveira, Bárbara Carmita da Silva Silveira, Bárbara Carmita da Silva Silveira, Humberto Bitencourt Pinheiro, Humberto Bitencourt Pinheiro, Humberto Bitencourt Pinheiro